Nomofobia é o medo desproporcional e irracional de ficar incomunicável, longe do telefone celular ou sem conexão com a Internet. É uma dependência específica dentro das dependências tecnológicas. Esse nome surgiu na Inglaterra, trata-se de uma fobia que gera medo, angústia e desconforto toda vez que a pessoa sequer, imagina ficar sem o telefone ou mesmo incomunicável nas redes virtuais e/ou aplicativos.
Gostar muito do celular não significa necessariamente Nomofobia. Os sintomas nomofóbicos surgem quando a pessoa percebe a falta do telefone celular, ou pelo término da bateria ou por estar fora da área de cobertura. Alguns sintomas: sensação de “nudez” quando sem o celular, sensação de rejeição quando ninguém o contata, ansiedade, desconforto físico, agitação psicomotora, insegurança, desorientação temporal e espacial. Ainda, uma dificuldade em desligar o telefone, verificação obsessiva de contatos e aplicativos, preocupação constante com a duração da bateria, irritabilidade extrema quando não conectado. A pessoa se torna ainda, dependente dos sistemas de recompensas desenvolvidos pelas redes sociais como: curtidas e compartilhamentos pelo facebook, visualizações do Youtube, “corações” no Instagram, retuítes, entre outros. Além disso, tem ainda a ansiedade de não ver ou comentar uma postagem, não ler um comentário, ou não responder ao Whatsap. Uma série de necessidades urgentes é criada e que quando não satisfeitas geram na pessoa uma enorme angústia e vazio; como se estivesse alienado do mundo ou traindo seu grande número de amigos virtuais.
A pessoa se sente mais feliz na vida virtual do que na realidade; substituindo a vida social pela virtual, muitas vezes deixa de aproveitar momentos únicos para postar um self. E mais do que o tempo que a pessoa fica no celular, o transtorno está relacionado aos prejuízos que isso acarreta em vários aspectos de sua vida. Podemos ainda incluir na dificuldade de se afastar do celular, o desenvolvimento de uma insegurança pessoal; precisando estar conectado a outras pessoas para saber que elas estão bem. Isso ocorre muito em pais em relação ao monitoramento constante ao paradeiro dos seus filhos. Também há uma redução drástica da tolerância da espera de um contato ou resposta de outra pessoa, gerando ansiedade e até comportamentos hostis e agressivos.
Uma das explicações para o uso abusivo das redes sociais pelos telefones móveis é porque para muitas pessoas falar de si mesmo, dá prazer. Em uma conversa normal, falamos de nós mesmos cerca de 30% do tempo, enquanto nas redes sociais, a pessoa fala de si cerca de 90% do tempo e ainda tem os comentários e as curtidas dos outros usuários. Isso faz com que as pessoas mantenham seus celulares ligados 24horas por dia mesmo na companhia de outros ou em ambientes formais; gerando riscos de acidentes no trânsito, no trabalho - perda de produtividade, nos estudos - desatenção e déficit no aprendizado, no sono - vendo mensagens durante a noite e conflitos com pessoas mais próximas - discussões e distanciamento emocional.
Por tratar-se de um transtorno relativamente novo, o tratamento para Nomofobia ainda é incipiente, mas está baseado na Terapia Cognitivo-Comportamental utilizando as mesmas técnicas que para fobias específicas com experimentos comportamentais de dessensibilização gradual como: desligar o celular durante a noite, manter o celular em outro cômodo da casa, dificultar o acesso do celular durante o dia deixando-o longe do campo visual, estabelecer horários para a checagem das mensagens, desligar o celular em encontros sociais - as pessoas que estão com você devem ser consideradas mais importantes, naquele momento, do que as virtuais, desenvolver assertividade com os amigos o que diz respeito ao limite quanto a permanecer enviando mensagens em horários inapropriados, diferenciar urgência de dependência.
Dra. Ana Claudia Poerner
Psicóloga Cognitivo-Comportamental
CRP 07/10114
Clínica Z - 3°andar
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